6/19/2005

Pedala, robinho em Columbine

Moro a uns 8 minutos a pé da praia, em cujo calçadão tenho hábito de correr e exibir para as mulheres meu corpo sarado. No caminho até o calçadão sempre vou numa farmácia, para me pesar e dar uma conferida na balconista gostosinha, que por sinal começou a me achar mais bonito quando passei a correr com minha camisa da Medicina-Ufes. Numa dessas andanças, nesta semana, vi três moleques de uniforme do outro lado da rua. Dois deles estavam enchendo o saco do terceiro: um magrelo baixote de óculos. Os dois filhos da puta ficavam dando tapas bem fortes na nuca do quatro-olho ao som de sagazes e algozes pedala, robinho! Achei engraçado no início, mas o magrelo não estava gostando nada dessa história. Ia andando com os olhos fixos no chão enquanto sua nuca recebia os tabefes. Pelo que entendi, o baixote era o cara mais sacaneado da escola, uma espécie de loser, para usar um termo americanizado só usado por losers, e naquele momento me veio à cabeça o episódio documentado em Tiros em Columbine: moleques excluídos que certo dia foram armados pra escola e passaram fogo em todo mundo. O que até então me parecia coisa de americano retardado fez algum sentido : se eu recebesse pedala,robinho todo dia ao voltar da escola, sol da porra, fome da porra, por dois filhos da puta fortões, certamente tomaria medidas drásticas e insanas. Fiquei então com pena do quatro-olho, e já estava decidido a atravessar a rua para ajudar o pobre diabo, porém...
- Ei, doutor.
Sim, era a balconista gostosinha, na porta da farmácia. Tava com sorriso e decote nada católicos, que praticamente me arrastaram pra dentro da...infelizmente só da farmácia. Deixei o moleque pra lá, mas se deus é justo o infeliz míope deve estar tramando algum plano diabólico pros filhos da puta grandalhões.



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