4/01/2005

Pretexto

Ainda me lembro da voz trêmula e tímida da ninfetinha quando fomos apresentados por um casal de amigos em comum, que nos deixaram lá sozinhos papeando. Nos 20 primeiros minutos de conversa ela praticamenta só olhou para o chão. Ficava vermelhinha só de me encarar. Dava umas risadas nervosas porém espontâneas justamente quando eu falava sobre algum assunto mais sério. Respondeu que era estudante quando perguntei onde ela morava. Disse que não era virgem quando perguntei se era filha única. Falou que não era supersticiosa, mas pediu para "ler minha mão". Doida, completamente doida, o que só fez aumentar meu interesse. Dois dias depois começamos a namorar. Em duas semanas já morávamos juntos, e em 4 meses ela descobriu o que eram orgamos múltiplos. Três anos depois ela odiava ver futebol comigo e 1 ano mais tarde entrou para faculdade de educação física, para " ser técnica". Reclamou quando não reparei no corte de cabelo novo em nosso aniversário de casamento, mas chorou e me encheu de beijo no ano seguinte , quando a presenteei com 365 poesias encadernadas que escrevi a cada dia desde então, para compensar minha displicência. Cuidou de mim quando operei de fimose aos 30 anos, me perdoou quando olhei para bunda da irmã dela no batizado de nosso primeiro filho, sustentou a casa sozinha nos 2 anos em que fiquei desempregado, porém me mandou tomar no cu quando falei que ela bem que poderia ter uma barriga sarada igual à da Adriane Galisteu. Desde então ela se mudou para casa da mãe. Ontem me ligou e pediu o divórcio; falou que não tem mais volta. Disse que fui insensível e que cometi um erro imperdoável. A mãe dela acha que a filha tem razão, meus amigos acham que ela ficou maluca. E eu acho que ela se encheu de tudo e arrumou um pretexto.

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